A palavra eneagrama vem do grego ἐννέα (ennea, que significa nove) e γράμμα (gramma, que significa algo escrito ou desenhado). O eneagrama serve principalmente como forma de mapear a personalidade do ser humano, trazendo consciência para os padrões de comportamento que são construtivos e destrutivos e oferecendo alternativas para que a pessoa se desenvolva por meio do autoconhecimento.
O que é eneagrama?
Composto por um círculo, um triângulo e uma hexade, o eneagrama é uma figura geométrica de nove pontas. Pode ser usado na compreensão e estudo de qualquer processo contínuo. Sua lógica é que o fim é sempre o início de um novo ciclo.
É essa riqueza de possibilidades que explica a presença do eneagrama em diversas tradições antigas, do pensamento grego de Pitágoras e Platão às filosofias herméticas e gnósticas, passando pelo judaísmo, cristianismo e islamismo.
No mundo moderno, a presença do eneagrama se deve a Gurdjieff. Esse filósofo armênio ensinou filosofia do autoconhecimento profundo no começo do século passado. Gurdjieff deparou-se com o símbolo em uma de suas viagens e passou a utilizá-lo como um modelo de processos naturais.
Alguns anos mais tarde, Oscar Ichazo, filósofo boliviano que era fascinado pela ideia de recuperar conhecimentos perdidos, pesquisou e sintetizou os vários elementos do eneagrama. No início da década de 50, Ichazo associou as nove pontas do símbolo aos nove atributos divinos que refletem a natureza humana, oriundos da tradição cristã. Nascia a relação entre o eneagrama e os tipos de personalidade.
O que significa o símbolo do eneagrama?
Em 1970, o médico psiquiatra Claudio Naranjo correlacionou os tipos do eneagrama às características psiquiátricas que conhecia. Assim, começou a expandir as resumidas descrições de Ichazo e montando um sistema de tipologias.
Os nove tipos de personalidade
O uso do eneagrama nos permite averiguar o que nos faz ser como somos e agir ou pensar como pensamos, assim como reconhecer nossos principais traços de caráter, defeitos e potenciais.
A seguir estão os 9 eneatipos em que o eneagrama é baseado para que você conheça e possivelmente se identifique com o seu para entendê-lo como forma de crescimento pessoal.
O Perfeccionista
As pessoas que adotam o eneatipo perfeccionista são centradas na ação, têm um senso prático exigente, que dá prioridade às tarefas a serem realizadas. O vício emocional é a raiva, que, por ser inconsciente, é justificada com a atitude esforçada e auto-imagem virtuosa. O nome perfeccionista vem do alto nível de exigência com elas mesmas e com os outros.
A principal consequência negativa dessa forma de se organizar reside na dificuldade em reconhecer suas reais necessidades. Tal afastamento de si revela pessoas duras e intransigentes, apegadas à dicotomia do certo-errado, justo-injusto, adequado-inadequado, acreditando que o esforço as faz merecedoras.
Quando os perfeccionistas reconhecem seu padrão de comportamento como sendo uma maneira de se organizar e não o que realmente são, estão abertos a desenvolver a neutralização do vício emocional (raiva) e o contato consigo mesmos por meio da virtude da serenidade. Esta ferramenta os auxilia a reconhecer o que querem a partir de si mesmos, não mais por meio do certo-errado, permitindo uma integração maior de seus sentimentos, pensamentos e ações.
O Prestativo
O tipo prestativo é associado à pessoas que são centradas na emoção, têm uma percepção aguda dos outros, tornando-se conquistadoras, que sabem como conseguir o que querem. O vício emocional é o orgulho, que, por ser inconsciente, é justificado com a atitude solícita e a auto-imagem bem-intencionada. Esta emoção sustenta um comportamento baseado na sensação de auto-suficiência e capacidade. O prestativo possui alta sensação de capacidade e a atitude comum é a de “Eu posso, eu sei, eu faço”. Hábeis nas relações, costumam ser conhecidos como pessoas queridas.
A principal consequência negativa desse eneatipo é a dificuldade em reconhecer suas reais necessidades. Tal afastamento de si revela pessoas centradas nos outros, que se tornam agressivas quando não atendidas. Desenvolvem uma baixa tolerância a qualquer coisa que se traduza em cuidar de si mesmos. Sofrem quando têm de pedir algo ou quando não conseguem estar à altura da imagem idealizada.
Quando o prestativo reconhece seu padrão de comportamento ficam mais abertos a desenvolver a neutralização do vício emocional (orgulho) e o contato consigo mesmos por meio da virtude da humildade. Esta ferramenta os auxilia a reconhecer o que querem a partir de si mesmos, não mais por meio da atenção do outro ou do valor que lhes dão, permitindo uma integração maior de seus sentimentos, pensamentos e ações.
O Bem-sucedido
As pessoas do tipo 3 são centradas na ação ou no planejamento, visando reconhecimento.Têm uma visão mercantilista, que os guia na sua perseguição pelo sucesso. O vício emocional é a vaidade, que, por ser inconsciente, é justificada com a atitude progressista e auto-imagem eficiente.
O nome bem-sucedido vem do seu apego à imagem e ao valor que ela traduz: o sucesso é um meio de conquistar valor próprio. A principal consequência negativa disso é a dificuldade em reconhecer suas reais necessidades. Tal afastamento de si revela pessoas frias, que disfarçam sua frieza com uma imagem humanista. São aficionadas pelo resultado, estressando todos ao seu redor em nome de uma excelência.
Quando pessoas desse eneatipo reconhecem seu padrão de comportamento, ficam abertos a desenvolver a neutralização do vício emocional (vaidade) e o contato consigo mesmos por meio da virtude da sinceridade. Esta ferramenta os auxilia a reconhecer o que querem a partir de si mesmos, não mais por meio do sucesso, admiração e reconhecimento, permitindo uma integração maior de seus sentimentos, pensamentos e ações.
O Romântico
As pessoas do tipo romântico são pessoas centradas na emoção, são sensíveis ao ambiente e emocionalmente instáveis. A sensível percepção emocional faz delas pessoas que vêem o que a maioria não vê. O vício emocional é a inveja, que, por ser inconsciente, é justificada com a atitude insatisfeita e auto-imagem de singularidade.
O nome romântico vem da comparação de sua vida com uma outra idealizada. A crítica e a exigência de originalidade faz delas pessoas conhecidas como autênticas. O romântico revela pessoas centradas no que falta, sendo pessoas que reclamam constantemente, com a característica comum de insatisfação. Como o foco é para o que falta e a comparação é constante, tornam-se pessoas críticas e muitas vezes irônicas.
Quando os românticos reconhecem seu padrão de comportamento estão abertos a desenvolver a neutralização do vício emocional (inveja) e o contato consigo mesmos por meio da virtude da equanimidade. Esta ferramenta os auxilia a reconhecer o que querem a partir de si mesmos, não mais por meio da obtenção do que falta ou no que está fora, permitindo uma integração maior de seus sentimentos, pensamentos e ações.
O Observador
As pessoas observadoras são centradas na mente, têm uma curiosidade pelo entendimento, tornando-se planejadores extremamente racionais. O vício emocional é a avareza, que, por ser inconsciente, é justificada com a atitude pouco expressiva e auto-imagem lógica e prudente. O observador tem uma atitude de não-envolvimento, como se preferisse estar em segundo plano, de onde pode ver melhor sem perder seu senso crítico. São pessoas que preferem estar consigo mesmos, envolvidos em atividades que só dizem respeito a si próprios.
A consequência negativa desses comportamentos revela pessoas frias e calculistas, que creem na mente como meio de conseguir as coisas, substituindo emoções por pensamentos. Preferem o racionalismo ao empirismo, não se permitindo sequer desejar algo que não seja “lógico”, ou expressar sentimentos, que, por sua vez, são vistos como inadequados.
A forma de minimizar isso é a partir da virtude do desapego da mente. Esta ferramenta os auxilia a reconhecer o que querem a partir de si mesmos, não mais por meio da racionalização. Aceitam e expressam mais seus sentimentos, permitindo uma integração maior de seus pensamentos e ações.
O Questionador
Esse eneatipo revela pessoas centradas na ação ou na emoção, visando ao controle. São atentas e desconfiadas, embora não necessariamente expressem isso. Preferem se preparar a atirar-se de improviso. O vício emocional é o medo, que, por ser inconsciente, é justificado com a auto-imagem de precavido e realista.
A principal consequência negativa dessa forma de reação está em formar pessoas ansiosas. Ou seja, pessoas que sempre têm um pé atrás, que preferem o conhecido e querem se preparar para o desconhecido. Outra forma de expressão do questionador é de não se submeter ao mando de outro ou questionar agressivamente suas intenções. Esta é uma atitude que encobre uma desconfiança sobre as reais intenções dos outros e uma pré-disposição a interpretar como ameaça.
Quando pessoas questionadoras reconhecem seu padrão de comportamento, conseguem manter se desenvolver por meio da virtude da coragem e da confiança em si mesmos. Esta ferramenta os auxilia a reconhecer o que querem a partir de si mesmos, não mais por meio da regra ou do que é mais lógico ou seguro. Aceitam e expressam mais suas emoções, permitindo uma integração maior de seus sentimentos, pensamentos e ações.
O Sonhador
As pessoas que adotam o eneatipo 7 são centradas na mente. Elas têm uma agilidade mental para lidar com várias coisas ao mesmo tempo, dando prioridade ao prazer. O vício emocional é a gula, que, justificada com a atitude entusiasta e auto-imagem de hábil improvisador. O nome sonhador vem da grande quantidade de idéias e planos, beirando o impossível.
A principal consequência negativa dessa forma de se organizar reside em gerar personalidades superficiais, que se sobrecarregam com atividades como meio de fugir das dificuldades emocionais. O otimismo exagerado também revela pessoas que evitam o desprazer, olhando para o mundo com óculos cor-de-rosa.
Quando pessoas sonhadoras reconhecem seu padrão de comportamento, ficam abertas a desenvolver o contato consigo mesmas por meio da sobriedade. Esta ferramenta os auxilia a reconhecer o que querem a partir de si, não mais por meio do prazer imediato.
O Confrontador
As pessoas confrontadoras são centradas na ação, têm uma facilidade em mandar e liderar, dando prioridade à realização. O vício emocional é a luxúria, que, por ser inconsciente, é justificada com a atitude dominadora e auto-imagem realizadora. Tudo ao seu redor tem de ser intenso e desafiador. Essas pessoas tem facilidade para se posicionarem a respeito do que querem. Se expressam de forma direta e objetiva, intimidando com sua aparente segurança.
A principal consequência negativa desse comportamento é gerar pessoas insensíveis, apegadas à força e ao poder. Dominadores agressivos, tornam-se conhecidos como verdadeiros rolos-compressores. Facilmente tendem ao exagero, desconsiderando o que os outros pensam e sentem.
Quando esse tipo de personalidade reconhece seu padrão de comportamento, se torna mais aberta a desenvolver a virtude da inocência.
O Preservacionista
O último eneatipo revela pessoas centradas na emoção ou na mente, com uma atitude mediadora, dando prioridade ao bem comum. O vício emocional é a indolência, que, por ser inconsciente, é justificada com a atitude tranquila e auto-imagem conciliadora. O nome preservacionista vem da busca de preservar o status, evitando conflito em prol da paz e da tranquilidade.
Os preservacionistas são normalmente pessoas apáticas, que desenvolveram um estado de anestesia para não sofrerem atritos com a realidade. Uma atitude de hiper-flexibilidade os deixa amorfos, adequando-os facilmente ao ambiente. São pessoas que expressam serenidade e calma, mesmo não sendo estes seus sentimentos reais. A apatia emocional também gera pessoas indecisas.
A neutralização do vício emocional desse eneatipo é a partir do desenvolvimento de posicionamento e ação. Esta ferramenta auxilia reconhecer o que querem a partir de si, não na atitude adaptativa ao meio. Isso permite uma integração maior de seus sentimentos, pensamentos e ações.
Na psicologia, compreender o eneagrama promove o autoconhecimento. Isso possibilita que o indivíduo se torne consciente das emoções que influenciam diretamente em suas ações e decisões. Além disso, a ferramenta permite que sejam identificados seus padrões comportamentais, bem como elementos motivadores e desmotivadores.
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