Consciência
A consciência ou consciez é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, autoconsciência, senciência, sapiência, e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia e ciência cognitiva.Alguns filósofos
dividem consciência em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente
dita, e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos
durante a experiência (Block, 2004). Consciência fenomenal é o estado de estar
ciente, tal como quando dizemos "estou ciente" e consciência de
acesso se refere a estar ciente de algo ou alguma coisa, tal como quando
dizemos "estou ciente destas palavras". Consciência é uma qualidade
psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito,
da mente, ou do pensamento
humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo,
mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte.
Etimologia
"Consciência"
vem do termo latino conscientia,
de consciens, particípio presente de conscire =
estar ciente (cum = com, partícula de intensidade
e scire = sei).[1] Também
encontramos uma possível raiz formada de junção de duas palavras do
latim; conscius+sciens: conscius (que sabe bem o
que deve fazer) e sciens (conhecimento que se obtém através de
leituras; de estudos; instrução e erudição).[2]
Consciência
- função alta da mente
Duas abordagens comuns
à consciência são aqueles que (1) adotam o "modelo de bloco de
construção" do tipo "LEGO", segundo a qual
qualquer campo consciente é feita de suas diversas partes, e o (2) "modelo
do campo unificado", segundo o qual devemos tentar explicar o caráter
unificado de estados subjetivos de consciência.
Modelo de bloco de construção
Função mental de
perscrutar o mundo, conforme afirma Steven Pinker, a consciência é a faculdade de segundo momento –
ninguém pode ter consciência de alguma coisa (objeto, processo ou situação) no
primeiro contato com essa coisa; no máximo se pode referenciá-la com algum
registro próximo, o que permite afirmar que a coisa é parecida com essa ou com
aquela outra coisa, de domínio.
A consciência,
provavelmente, é a estrutura mais complexa que se pode imaginar atualmente.
António Damásio, em O Mistério da consciência, divide a
consciência em dois tipos: consciência central e consciência ampliada. Inspirados na tese
damasiana, entende-se que a faculdade em pauta é constituída com uma espécie de
anatomia, que pode ser dividida, didaticamente, em três partes:
1. dimensão fonte - onde
as coisas acontecem de fato, o aqui agora: o meu ato de escrever e dominar o
ambiente e os equipamentos dos quais faço uso, o ato do internauta de ler,
compreender a leitura e o ambiente que o envolve a todo os instantes etc. Essa
dimensão da consciência não retrocede muito ao passado e, da mesma forma, não
avança para o futuro; ela se limita a registrar os atos presentes, com um espaço-tempo (passado/futuro)
suficiente para que os momentos (presentes) tenham continuidade.
2. dimensão processual -
amplitude de sistema que abriga expectativas, perspectivas, planos e qualquer
registros mental em aberto; aquelas questões que causam ruídos e impulsionam o
ser humano à busca de soluções. Essa amplitude de consciência permite observar
questões do passado e investigar também um pouco do futuro.
3. dimensão ampla -
região de sistema que, sem ser um dispositivo de memória, alberga os
conhecimentos e experiências que uma pessoa incorpora na existência. Todo os
conhecimentos do passado e experimentações pela qual o ser atravessou na vida:
uma antiga profissão que não se tem mais qualquer habilidade para exercer,
guarda registros importantes que servirão como experiência em outras práticas.
Qual dimensão processual, esse amplitude da consciência permite examinar o
passado e avançar no futuro - tudo dentro de limites impostos pelo próprio
desenvolvimento mental do indivíduo.
Além da anatomia de
constituição, listada acima, a consciência humana também guarda alguns estados:
Condições de
consciência (vigília normal, vigília alterada e sono com sonhos), modos de
consciência (passivo, ativo e ausente) e focos de consciência (central,
periférico e distante).
Modelo do campo unificado
O modelo do campo
unificado é defendido pelo filósofo John Searle
Consciência,
autoconsciência e autoconhecimento
Manfred Frank (em
"Self-consciousness and Self-knowledge", ver bibliografia abaixo)
apresenta a relação entre consciência, autoconsciência e autoconhecimento da seguinte
maneira:
1. Consciência pressupõe
autoconsciência. Não há como alguém estar consciente de alguma coisa sem estar
consciente de estar consciente dessa coisa.
2. A autoconsciência é
pré-reflexiva. Se a autoconsciência fosse o resultado da reflexão, então só teríamos
autoconsciência após termos consciência de alguma coisa que fosse dada à
reflexão. Mas isso não pode ser o caso, pois, como dissemos antes, consciência
pressupõe autoconsciência. Logo, a autoconsciência é anterior à reflexão.
3. Autoconsciência e
consciência são distintas logicamente, mas funcionam de maneira unitária.
4. O autoconhecimento
isto é, a consciência reflexiva ou consciência de segunda ordem pressupõe a
consciência pré-reflexiva, isto é, a autoconsciência.
De acordo com o
esquema acima, a autoconsciência é o elemento fundamental da consciência. Sem
ela não há consciência nem reflexão sobre a consciência.
Definições
do Senso Comum
·
Ação do indivíduo ou grupo sem o
intuito ou vigilância da área central de consciência.
·
Conjunto de processos e/ou fatos que atuam na conduta do indivíduo ou
construindo a mesma, mas escapam ao âmbito da ferramenta de leitura e
interpretação e não podem, por esta área, ser trazidos a custo de nenhum
esforço que possa fazer um agente cujo sistema mental não possui o
treinamento adequado. Essas atividades, entretanto, costumam aflorar em sonhos, em atos
involuntários (sejam eles corretos e inteligentes ou falhos e inconsistentes) e
nos estados alterados de consciência.
Definições
concorrentes
·
Visão determinista: alguns entendem o inconsciente como ações inconscientes
baseadas em informações do passado, experienciadas ou noticiadas.
·
Visão reducionista: o inconsciente é entendido como um neologismo
científico reducionista para não explicar ou negar os estados alterados da
consciência.
Alterações
da consciência
·
Alterações Normais: sono (é um
comportamento e uma fase normal e necessária. Tem duas fases distintas, que
são: Sono REM -Rapid Eye
Movement- e o sono NÃO REM) e sonho (vivências
predominantemente visuais classificadas por Freud como um fenômeno psicológico "rico e revelador de desejos e
temores")
·
Alterações patológicas: qualitativas e quantitativas.
·
Quantitativas:
- Rebaixamento do
nível de consciência: compreendido por graus, está dividido em 3 grupos
principais: obnubilação da consciência(grau leve a moderado - compreensão
dificultada), sopor(incapacidade de ação espontânea) e coma(grau profundo -
impossível qualquer atividade voluntária consciente e ausência de qualquer
indício de consciência).
- Síndromes
psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência:
1. Delirium (diferente do
"delírio", é uma desorientação tempo espacial com surtos de
ansiedade, além de ilusões e/ou alucinações visuais)
2. Estado onírico (o
indivíduo entra em um estado semelhante a um sonho muito vívido; estado
decorrente de psicoses tóxicas, síndromes de abstinência a drogas e quadros
febris tóxico-infecciosos)
3. Amência (excitação
psicomotora, incoerência do pensamento, perplexidade e sintomas alucinatórios
oniroides)
4. Síndrome do cativeiro
(a destruição da base da ponte promove uma paralisia total dos nervos cranianos
baixos e dos membros)
·
Qualitativas:
1. Estados crepusculares
(surge e desaparece de forma abrupta e tem duração variável - de poucas horas a
algumas semanas)
2. Dissociação da
consciência (perda da unidade psíquica comum do ser humano, na qual o indivíduo
"desliga" da realidade para parar de sofrer)
3. Transe: (espécie de
sonho acordado com a presença de atividade motora automática e estereotipada
acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários)
4. Estado hipnótico
(técnica refinada de concentração da atenção e de alteração induzida do estado
da consciência).
Referências
1.
↑ Vocabolario Etimologico della Lingua Italiana, Francesco
Bonomi
2.
↑ C. L. SANTOS, WELLINGTON (1992). Dicionario da Língua
Portuguesa Editora Nova Cultural ed. São Paulo-SP: Nova Cultural.
p. 220;262. ISBN 85-85222-23-9
Ver
também
· Vigília
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